PUBLICIDADE

Caso Marielle: porteiro que autorizou entrada de acusado em condomínio não é o que citou Bolsonaro

Laudo é assinado por seis peritos e atesta que os áudios não foram editados

Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan
Atualização:

RIO - A Polícia Civil do Rio concluiu que a voz do porteiro que liberou a entrada do ex-PM Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, no Rio, no dia dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes não é a do funcionário que mencionou o presidente Jair Bolsonaro aos investigadores da Delegacia de Homicídios (DH). A informação foi inicialmente divulgado pelo jornal O Globo, e confirmada pelo Estado.

O policial militar reformado Ronnie Lessa, de 48 anos(à esquerda), e o ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz, de 46(à direita), presos acusados de matar a vereadora Marielle Franco (PSOL) e o motorista Anderson Gomes Foto: Polícia Civil/AFP

PUBLICIDADE

O documento é assinado por seis peritos, que também atestam que o áudio da conversa não sofreu edição. “Qualquer alteração nos arquivos deve ser feita fora do programa (...), mas esta ação gera registros”, diz trecho do relatório.

Segundo os investigadores, quem autorizou a entrada de Élcio no condomínio foi o policial reformado Ronnie Lessa. Élcio e Lessa estão presos e são acusados de cometer o crime.

“O áudio questionado (conversa por interfone com a portaria) foi produzido em um sistema fechado de comunicação que foi analisado e não deixa dúvidas de que a gravação partiu da portaria e foi atendida por um homem na casa cadastrada no sistema como a casa 65 (de Ronnie Lessa)”, diz trecho do documento.

No ano passado, uma reportagem da TV Globo mostrou que um homem chamado Elcio (que seria Elcio Queiroz) deu entrada no condomínio Vivendas da Barra em 14 de março de 2018, data do crime, dirigindo um Renault Logan prata. Ele teria informado ao porteiro que iria visitar a casa 58, de Bolsonaro, mas se dirigiu à residência de Ronnie Lessa, que vive no mesmo conjunto.

Em um primeiro depoimento, o porteiro relatou ter confirmado a entrada de Elcio Queiroz com o ‘seu Jair’. Quando o veículo seguiu para a casa de Lessa, ele disse ter ligado novamente para a casa de Bolsonaro para confirmar o destino de Queiroz.

Em novembro, o porteiro prestou novo depoimento e recuou das declarações. Ele afirmou ter lançado errado o registro de entrada de Elcio Queiroz na casa 58, do presidente Jair Bolsonaro, na planilha de controle do condomínio. O funcionário disse que havia se sentido ‘pressionado’.

Publicidade

Segundo as investigações, no dia do crime quatro porteiros estavam de plantão no condomínio. Agora, a análise dos peritos apontou que o áudio da conversa por interfone “possui características convergentes com a fala padrão coletada pelo primeiro porteiro, mais do que qualquer dos outros porteiros analisados”. 

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.